O CARÁTER DE DEUS NA VISÃO BÍBLICA-TEOLÓGICA
A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? diz o Santo. Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem criou estas coisas ? Foi aquele que faz sair o exército (estrelas) delas segundo o seu número; Ele as chama a todas pelo seu nomes (200 bilhões, só na via-lactea); por ser Ele (Deus) grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará.
Isaias 40.25,26 , 800 D.C.
A ciência exige uma causa para todo efeito:
A causa do sem fim é a existência do infinito. ( II Cro 66.18);
Da eternidade é a existência do eterno. (Sl 90.2);
Do espaço limitado é a onipresença (Jrn 23.24);
Do poder é a onipotência (Is 40.25,26);
Da sabedoria é a onisciência (Sl 139.1-18);
Da personalidade é o individual (Is 49.13);
Das emoções é o emocional (Is 63.15);
Da vontade é a volição (Ap 4.11);
Da ética é a moral (Dt 4.8);
Da espiritualidade é o espiritual (Sl Jo 4.24);
Da beleza é a estética (Sl 27.4);
Da retidão é a santidade (Lv 19.2);
Do amor é o amor (I Jo 4.8);
Da vida é a existência (Ex 3.14).
“Quem pensa que pode haver um conflito real entre ciência e religião deve ser muito inexperiente em ciência ou muito ignorante em religião”.
Phillip Henry
( revista Fé para Hoje, Ed. Fiel , Vol nº 17 , ano 2003. pg 10. )
RESUMO
Por que procurar conhecer a Deus através da Bíblia utilizando-se do método teológico para isso ao invés da ciência, religião , natureza, entre outros ?. Sem dúvida o homem que quer ter uma comunhão com o seu criador fará em primeiro lugar está pergunta essencial ao trilhar este caminho. A razão é que Deus está acima do conhecimento humano (método experimental, conhecimento vulgar, especulação filosófica e intuição pessoal ), sendo por isso transcendente, todavia não ausente, ainda que não possamos vê-lo com os nossos olhos; outro motivo é que Ele é Santo (separado) do homem pecador , ou seja , faz parte da sua essência (natureza), essa separação, caso contrário nós seriamos consumidos na Sua presença , como a palha no fogo. Ainda assim por amor Ele resolveu revelar-se como È e compartilhar sua pessoa conosco, caso Ele não tivesse tomado esta atitude ao se aproximar de nós seres humanos, nunca poderíamos conhecê-lo.Esta é a razão da teologia (revelação) ser o método do conhecimento do caráter de Deus utilizado neste trabalho. Logo em seguida, nos deparamos com as perguntas essenciais feitas por qualquer pessoa que queira se aproximar de Deus. Capítulo 1:Porque estudar sobre Deus ? Qual sua importância? ; Capítulo 2 : Será que Deus Realmente existe ? Quais argumentos a favor ? Capítulo 3: Se Deus existe, como Ele se revela? Quais os meios disponíveis da revelação? Capítulo 4 : Quem é Deus ? .
INTRODUÇÃO
O presente trabalho dentro de suas limitações perceptíveis tenta nem tanto responder as questões à cima propostas, mas levar o leitor a considerar o texto ora apresentado e a partir daí a uma reflexão séria e não preconceituosa do tema proposto. Na sociedade moderna em que o homem está vivendo a era do conhecimento em todas as áreas de sua existência, porém sem conseguir chegar a um objetivo definido para sua vida, nada mais natural que a busca de suas origens.Que seu propósito e destino final sejam analisados à luz do conhecimento de um ser superior (Deus) que fez e mantém todas as coisas, as quais ele (o homem) não criou e nem tão pouco sustenta. Esta procura só pode ser realizada fora de si próprio , pois, se a resposta estivesse no próprio ser humano, não haveria necessidade de buscá-la. Sendo assim, nos lançamos a este desafio fascinante e inquietador da humanidade, descobrir:
Quem é Deus ?.
I. Os vários tipos de conhecimentos concebidos pelos homens?
1. O vulgar: É o conhecimento identificado no homem do campo. Transmitido de geração à geração por meio da educação informal e baseado em imitações e experiência pessoal. È o modo comum, corente e espontâneo de conhecer, que se adqueri no trato direto com as coisas e os seres humanos Ex.: A época do plantio e colheita dos alimentos.
o Características:
A. Valorativo: O s valores do sujeito impregina o objeto conhecido;
B. Reflexivo: Passa pela análise e reflexão pessoal de cada um, esta limitado pela familiaridade da pessoa com o objeto a conhecer;
C. Assistemático: Baseado na organização particular das experiência próprias do sujeito,e não em uma sistematização das idéias;
D. Verificável: Visto que esta limitado ao dia-a-dia e e diz respeito àquilo que se pode perceber na vida diária;
E. Falível e inexato: Pois, se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto.
2. O científico: É o conhecimento formulado através da observação e eexperimentação que comprovem fatos reais. Ex.: O estabelecimento da lei da gravidade (Isac Newton).
o Características:
A. Real: Porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda a forma de existência que manifesta de algum modo;
B. Contigente: Pois, suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecidas através da experiência científica e não apenas pela razão;
C. Sistemático: Já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias(teorias) e não conhecimentos dispesos e desconexos;
D. Verificável: É possível verificar sua veracidade ou falsidade através de experiência realizadas em laboratórios , as teorias e hipótese que não podem ser compradas não pertencem ao campo da ciência;
E. Falível: Pois, não é definitivo, absoluto ou final;
F. Aproximadamente exato: Por não ser absoluto e porque novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo da teoria existente.
3. O filosófico: É adquirido através da reflexão pessoal do indivíduo. Ex.: A conduta Cristã.
o Características:
A. Valorativo: Pois, seu ponto de partida consiste em hipótese, que não poderão ser submetidas à observação: as hipótese filosóficas baseiam-se na experiência e não da experimentação;
B. Não verificável: Pois, as questões das hipótese filosóficas, ao contrário do ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmada nem refutadas;
C. Racional: Já que consiste em um conjunto de enunciados logicamente correlacionados, utiliza-se do pensar humano;
D. Sistemático: Pois, suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de aprende-la em sua totalidade;
E. Infalível e exato: Já que, quer na busca da realidade ser capaz de abranger todas as outras, o conhecimento daí produzido não é submetido ao decisivo teste da observação (experimentação científica) para provar ou não sua veracidade;
4. O teológico: É o conhecimento que o homem possue através da revelação de Deus, o qual de outro modo não seria conhecido. Ex.: Jo 3.16 (Cristo morreu pelos pecadores para salvá-los da morte eterna).
o Características:
A. Teológico: Isto é, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (Sl 19.7-11; Sl 11-3);
B. Valorativas: Por terem sido reveladas pelo sobrenatural e inspiracional ( 1 Pe 1.11,12; 2 Pe 1.20,21);
C. Infalíveis: São exatas pois foram reveladas pelo sobrenatural e não aprendidas pela imaginação ( pensamento) humana. (Js 21.45; Dt 32.46,47; Mt 24.35;Jo 17.8,17; Jo 6.68);
D. Sistemático: Pois, retrata o mundo em sua origem, significado, finalidade e destino, como obra de criador divino;
E. Não verificável: Pois, suas evidências não são submetidas a experimentação científica, está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado (Rm 16.25,26; Hb 1.1,2);
F. Infalível e exato: Já que, quer na busca da realidade ser capaz de abranger todas as outras, o conhecimento daí produzido não é submetido ao decisivo teste da observação (experimentação científica) para provar ou não sua veracidade;
II. Porque estudar sobre Deus? Qual sua importância?
1. O único meio hoje de se conhecer a Deus é através do estudo do seu caráter, conforme revelado nas escrituras. Jr 9.23,24; Jó 5.39
2. O caráter de Deus é o modelo para a moral humana. Gn 1.31; 1 Pe 1.14-16
3. A falta de conhecimento de Deus conduz a idolatria e outros pecados. Os 6.3; Is 1.2-4; Rm 1.28; Rm 1.19-23; Jr 2.26-29; Jr 1.16; Jr 10.3-5; Sl 115.3-9; Is 40.18-22; Is 41.6,7; At 19.23-28
4. Podemos desfrutar de um melhor relacionamento com Deus. Os 6.1,3; Jo 17.25,26; Jo 15.14,15; Jo 14.21, 23
5. Adoramos a Deus em Espírito e em verdade. Jo 4.20-24; Rm 12.1
6. Podemos viver dentro da vontade de Deus. Rm 12.1; Jo 15.16
7. Faz-nos ver a vida e o universo que nos cerca de uma nova maneira.
A. A vida: Lc 12.15; Mt 6.24- 34
B. O universo: Sl 111.2; Sl 19.1; Sl 104.27- 34
III. Será que Deus realmente existe? Quais argumentos a favor?
1. A afirmação de que Deus existe: É um axioma (ponto de partida, verdade fundamental que não precisa ser provada).
A. Como exemplo de outros axiomas a nível humano temos : O ponto, a reta, o plano, o espaço, o tempo, o bem e o mal, a causa e o efeito,a energia. Não podemos provar sua existência, porém sabemos que eles existem independentes da nossa vontade ou não, e a partir deles construímos uma série de coisas ou realidade que nos cercam no dia a dia;
B. A bíblia não procura provar a existência de Deus, porém como um axioma ela já começa admitindo que Ele existe. Gn 1.1; Hb 11.3,6; Rm 1.18,19.;
C. Mesmo assim temos 8(oito) argumentos indiretos, isto é, demonstrativos, prováveis. Nem um deles é decisivo, quando isolados , más em conjunto constituem uma série de evidências cumulativas (somadas) que nos levam a crer (ato de fé Hb 11.6) na existência de Deus;
D. Eles tomam como ponto de partida o mundo visível (dos sentidos) das nossas experiências, e infere daí a existência de um criador invisível, já que Deus é Espírito. Jo 4.24; Jo 1.18
1) Argumento cosmológico ou da razão-causa e efeito:
o Todo efeito tem uma causa;
o O universo é feito → O universo teve uma causa. A causa → Deus. Hb 3.4; Sl 102.25-27; Gn 1-2.3.
2) Argumento teleológico: Ordem e adaptação (mudança dentro da espécie) , desígnio ou propósito implicam uma causa inteligente ou pensante;
o O universo caracterizar-se por ordem e adaptação útil → o universo tem uma causa inteligente
→ Deus. Sl 94.9; Jô 38-41.
3) Argumento antropológico: argumento da natureza moral e mental do homem. Gn 2.7.
o As inconscientes forças materiais não têm capacidade para produzir tal natureza no homem. Gn 2.7; Gn 3.7; Gn 3.22. O organismo físico Gn 2.7; Gn 3.19 é apenas o instrumento que exprime e manifesta a vida interior que é invisível. Gn 4.6-8
o O criador do homem tem de possuir uma natureza:
v Volição: Alguém que tem vontade própria: Gn 1.26,27; Gn 6.7
v Intelectual: Alguém que pensa. Jo 28.12-28
v Emocional: Alguém que tem sentimentos: Gn 6.7; Is 1.2,3
v Moral: Alguém que difere entre o bem e o mal, e escolhe o bem. Gn 1.31; Gn 2.18;
Dt 6.1-3
v A criação e natureza do homem:
ü Criação: O homem foi feito a imagem e semelhança de Deus. Gn 1.26
ü A natureza: A palavra imagem quer dizer que o homem herdou de Deus, características que o identificam com Deus e só ele tem estas particularidades na natureza. Gn 2.7
ü O homem integral: Assim como Deus é triuno , o homem é:
Ø Corpo: Parte material que é usada para se comunicar, se expressar com o mundo exterior. Gn 2.7;Gn 3.19b (Deus é exceção, pois Deus é espírito. Jo 4.24)
Ø Alma: Parte imaterial, sede dos pensamentos e sentimentos. Lc 1.46; Sl 42.2, composta por:
· Volição: Refere-se ao exercício da vontade humana. Gn 2.16,17; Gn 3.6; Js 24.14-16
· Emocional: Capacidade de expressar sentimentos, relacionar-se com si mesmo e com os outros. Gn 3.10; Sl 14.2,6.
· Moral: Capacidade de pesar os valores escolhidos, está vinculando a consciência. Gn 3.7; Gn 4.7; Gn 6.5,6; Rm 3.12; Sl 14. 3
· Intelecto: Capacidade de raciocínio, pensar no abstrato. Gn 2.19; Gn 3. 22; Gn 4.21,22.
Ø Espírito: Parte imaterial, as palavras designativas para espírito, no hebraico e grego são “ ruah” e “pneuma” respectivamente. O espírito é a porção mais interior e sublime do homem. É o elo ou maior ponto de contato com o Criador, pois Deus é Espírito (Jo 4.24), somente um espírito é capaz de entender outro Espírito, pois ambos são de naturezas semelhantes. Gn 2.7; Jo 10.10b; Jo 20.22.
· O espírito é possuidor de faculdades tais como consciência, fé, esperança, reverência, oração e adoração.
· A alma humana sem o espírito seria semelhante à dos animais; é o espírito que enobrece, dignifica e diferencia o racional do irracional.
· Assim como a alma é ávida do corpo, o espírito é vida da alma. “ O espírito é o que vivifica” Jo 6.63.
· O espírito do homem é dotado da capacidade de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele; como espírito ele tem conhecimento e comunhão com Deus; como alma, ele tem conhecimento de si próprio, e através dos sentidos do corpo conhecimento do mundo que o cerca.
· Quando Adão pecou desligou-se de Deus e morreu espiritualmente, Gn 2.17, a morte física ocorreu 930 anos depois. Adão ficou impossibilitado de transmitir a seus descendentes a vida espiritual. A partir de então todo homem que vem ao mundo já nasce morto espiritualmente e condenado ao inferno. Sl 51.5; Sl 58.3, Ef 2.1; Rm 6.23; Mc 7.20-23.
4) Argumento ontológico: A concepção universal da idéia de um ser real e eterno pelo espírito humano constitui uma prova inegável da sua existência.
o Nós temos a idéia de um ser absolutamente perfeito. Mt 5.48
o A existência está implicada na perfeição. Sl 19.1
o Logo um ser absolutamente perfeito tem de existir.
5) Argumento da congruência: A crença de que todos os fatos relacionados anteriormente se harmonizam com a existência de um Deus pessoal, não sendo contrário ao testemunho da criação material. Portando Deus é uma pessoa.
6) Argumento Cristológico: Temos de explicar ou justificar a existência da bíblia, o cumprimento de profecias, os milagres, o caráter sobrenatural e a missão divina de Cristo, a influência do cristianismo no mundo, o fato da conversão, a mudança moral e espiritual do homem. Estas coisas não podem ser explicadas ou justificadas separadamente ou em conjunto sem se pressupor a existência de Deus como uma pessoa e de Jesus Cristo como uma pessoa igual a Deus. Mt 1.21,22; Jo 1.14,18; Jo 20.28
7) Argumento da História: Em todas as sociedades em todos as épocas, vamos encontrar o homem adorando ou seja buscando encontrar a pessoa de Deus. E vemos que Deus nunca deixou o homem sem testemunho da sua pessoa. At 17.23-30; At 14.14-18; Ga 4.4; Rm 3.21-24.
8) Argumento das Escrituras: Apóia-se sobre as declarações e exatidão da bíblia sagrada, que ela é a verdadeira palavra de Deus dada aos homens, ela é:
o Inspirada: 2 Tm 3.16,17
o Divina: 2 Pe 1.20,21
o Infalível: Is 55.10,11; Jr 1.11,12
IV. Se Deus existe, como Ele se revela? Quais os meios disponíveis da revelação?
o O meio é a maneira pela qual Deus fala conosco a respeito de si mesmo.
1. Através da natureza: Deus se revela a nós por meio da natureza criada por Ele. Rm 1.19-23; Sl 19.1
2. Pela consciência: O fato de cada um de nós possui uma idéia de certo e errado (valor moral), um tribunal interior (consciência) mostra que há uma autoridade acima do indivíduo e das circunstâncias. Rm 2.14-16.
3. Pela linguagem humana: Deus falou a Moises as suas palavras para guiar o povo nos seus procedimentos diante Dele. Ex 20.1-17; Dt 5.22-27.
4. Pelos profetas no Antigo Testamento: Deus utilizou os seus profetas como canais da sua mensagem ao povo de Israel e a nós de forma indireta. Jo 5.39; I Pe 1.10,12; Lc 24.27; 44-47;
5. Pelos Apostolos no Novo Testamento: Deus deixou o Antigo e Novo Testamentos como regra de fé e prática. I Pe 1.12; II Pe 3. 15-16; Ap 1.9-11.
6. Pelo Espírito Santo: O Espírito Santo que é Deus igualmente ao Pai e ao Filho nos trouxe a revelação da mensagem sagrada. 2 Pe 1.20,21
7. Por meio de Jesus Cristo: A última vez que Deus falou e deixou escrito suas palavras para nossa vida foi através de seu Filho. Jo 1.14,18; Hb 1.1,2
V. Quem é Deus?
1. Quem Ele não é : Teorias erradas sobre Deus :
o Definição de teoria: Conhecimento especulativo (refletir) considerado independente de toda aplicação (prática), hipótese (suposição). A teoria busca a explicação racional para os fatos.
A. Ateísmo: Nega a existência de qualquer divindade (do ser divino), existem dois tipos básicos de ateísmo:
ü O filosófico: Que nega a existência de Deus.
ü O prático: Que vive como se Deus não existisse. Sl 14a Jo 20.27
B. Agnosticismos: O agnosticismo não nega a existência de Deus, ele nega a possibilidade do conhecimento de Deus. At 14.15-17; Rm 1.19,20.
C. O materialismo: Nega a existência do espírito ou seres espirituais. Para ele, toda realidade é simplesmente matéria em movimento, ou seja após a morte , não resta mais nada. I Co 15.44-49
D. Panteísmo: Deus é simplesmente a natureza, a soma total do sistema universal. Rm 1.21-25.
E. Politeísmo: A crença na existência de vários deuses. At 17.22-30
F. Deismo: Crê em um deus transcendente, total e distintatemente separado da criação, embora também sempre envolvido nela Deus está ausente.
G. Dualismo: É o ensinamento da existência de dois reinos opostos, um do espírito (bom) e um da matéria (mau), contrários um ao outro, ou o governo do mundo por dois deuses, um de maldade e trevas e outro de bondade e luz, crêem na lutam entre Deus e o diabo. Jó 42.1; Is 43.13; Ez 28.
2. Quem Ele é: O ser de Deus
A. A pessoa de Deus: É verdade que não sabemos como Deus é, o estudo do conhecimento de Deus é a busca mais importante da vida. Conhecer Deus pelo estudo objetivo de sua natureza, seu caráter e suas perfeições deve ser a nossa razão para viver. Os 6.3; 2 Pe 3.18; Ef 3.14-21; Ef 4.11-16.
1) Há nas escrituras uma clara distinção feita entre o Deus de Israel e os deuses pagãos. Jr 10.10-16. Note-se o contexto, vs. 3-9, At 14.15; 1 Ts 1.9, Sl 94.4-10, Sl 115.5-8. Deus se distingue claramente das coisas que não tem vida; Ele é uma pessoa viva;
2) São-lhes atribuídas características de personalidade nas escrituras. Deus se arrepende Gn 6.6; Deus tem pesar Gn 6.6; Deus ira-se 1 Rs 11.9; Deus é zeloso Dt 6.15; Deus ama Ap 3.19; Deus odeia Pv 6.16, Deus possue os atributos e uma personalidade. É , portanto, uma pessoa. De igual modo através de toda a bíblia. Atribuem-se a Deus pronomes pessoais, Jo 17.3;
3) A relação que Deus mantém para com o universo e os homens, como é descrita nas escrituras, só pode ser entendida admitindo-se que Deus é uma pessoa.
B. A natureza de Deus: Nós não dispomos de como conhecer a Deus na sua essência, tamanha é a sua grandeza e incomparável majestade. Is 40.25,26,28,29.
Como Deus se revela ser : Só podemos conhecer Deus até onde se revela para nós em sua essência. Ex 3.13-15; Jo 1.14,18.
1) Características do ser de Deus: São revelações contidas na bíblia que nos dão uma descrição de Deus.
a) Deus é Espírito: O revela como realidade absoluta , original e sem limites que possue dentro de si, todas as fontes de existência (vida). Jo 1.18; Jo 4.24.
i. Sendo Espírito: Ele não é limitado por um corpo físico e restringido por limitações físicas. Ele é Espírito e, portanto, ilimitado. Imensidão, infinitude, onipotência, onipresença e onisciência não podem descrevê-lo totalmente. Mt 18.20; 28.20.
ii. Deus é perfeito: O fato de Deus ser perfeito, isenta-o de falhas e erros. Mt 5.48.
iii. Deus é uma pessoa: Como uma pessoa Deus se relaciona conosco. Ex 3.15; 6.2,3; Jr 10.10-16; Sl 94.10.
iv. Deus é único: Como único Deus, Ele não reconhece ou admite outros deuses. Dt 6.4;14; I Rs 18.21; Is 44.6; Jo 17.3; I Ts 1.9.
v. Deus é luz: Sugere que Deus é inalcançável, infinito, imutável, perfeitamente santo, perfeitamente inviolável, perfeitamente verdadeiro. Isso implica que é da natureza de Deus iluminar os homens que estão em trevas. I Jo 1.5; 3.8; Jo 1.5, 9, 8.12.
vi. Deus é amor: Sendo amor Ele se identifica com os sofrimentos humanos e usa de misericórdia e graça com o homem pecador por natureza. I Jo 4.7-10, 16,19; Jo 3.16, Rm 5.6-11.
vii. Deus é um fogo consumidor: Descreve Deus como santo, justo, e que executa juízo sobre a terra. I Pe 1.15,16; Hb 12.29; Sl 103.6; Sl 137; Sl 139.75; Dt 1.17.
3. Os nomes de Deus : Uma das maneiras mais empolgante de conhecermos a natureza de Deus é através de seus diversos nomes revelados na bíblia.
A. Elohim (pl); Eloah (sing): Deus, plural de majestade ou perfeição. Gn 1.1
B. El: Deus, Deus todo poderoso, força. Dt 32.4
C. El Elyon: O altíssimo ( de Aloh, que significa ascender). Dt 32.8; Gn 14.18-20.
D. El Olam: O Deus eterno. G 21.33; Sl 90.1,2
E. El Shadday: O Deus Todo Poderoso. Gn 17.1; Gn 28.3; Gn 35.15; Gn 43.14; Gn 48.3
F. Adonai (pl); Adon (sing): Senhor, mestre, dono. Gn 15.1,2; Gn 24.10; Gn 18.12.
G. Jeová: O nome que manifesta a observância do pacto, o Deus da salvação. Ex 3.13-15 ; Ml 2.5; Ml 3.6.
H. Jeová-Elohin: O Senhor Deus. Gn 2.4
I. Jeová-Jireh: O Senhor Proverá. Gn 22.14
J. Jeová-Rafá: O Senhor que te Sara. Ex 15.26
K. Jeová-Nissi: O Senhor é a minha Bandeira. Ex 17.15
L. Jeová-Shalom: O Senhor é Paz. Jz 6.24
M. Jeová-Raah: O Senhor é o meu Pastor. Sl 23.1
N. Jeová-Tsidkeny: Senhor, nossa Justiça. Jr 23.6
O. Jeová-Shammah: O Senhor está ali: Ez 48.35
P. Theos: Deus, Jo 1.1
Q. Kurios: Senhor. Fp 2.11
R. Pater: Pai. Mt 6.9
S. Há Tsur: A Rocha. Dt 32.4
4. Os atributos Deus: São as perfeições e excelências da sua natureza (Is 40.25-28), os atributos podem ser absolutos ou morais.
A. Atributos absolutos ou naturais: Deus é a fonte absoluta de toda vida e ser, a causa sem causa. Ele não é uma série de emanações, Ele é o eterno Deus vivente. Jo 5.26, Cl 1.17.
1) Imutabilidade: A natureza de Deus é imutável. Não é possível que Ele não possua em um tempo, um atributo que não possuísse em outro tempo. Ele não é susceptível de mudanças, seja por desenvolver-se. Ele não muda por causa de nenhum princípio existente Nele, nem pôr coisa alguma fora Dele. É o terno “EU SOU”. Ml 3.6; Tg 1.17; Sl 102.27.
2) Eternidade: A palavra eterna é usada com duplo sentido. No sentido absoluto, quer dizer sem começo nem fim. È assim aplicada aos anjos, à alma, etc. O tempo começou a criação, tempo passado, presente e futuro. A eternidade não é o tempo, eternidade é duração infinita, sem começo, nem fim. Deus transcende o tempo e possui toda a sua vida de uma vez. Com Ele só há um presente eterno; não há passado, nem futuro. Ele é superior a toda série de causas e efeitos, portanto, é eterno. Sl 90.2; Sl 102.12, 24, 27; Ex 3.14; Jo 8.58; Ap 1.8.
3) Onisciência: Deus de maneira singular, conhece a si mesmo, e todas as coisas existentes e possíveis, as que são e as que podem ser. O conhecimento de Deus é diferente do nosso; não é sucessivo, adquirido gradativamente, não é intuitivo, não é parcial, isto é, só com uma parte ante a consciência de uma vez , más é completo, imutável. Não é imperfeito e relativo como o nosso, más é perfeito, correspondendo à verdade das coisas. Sl 139.1-6; Sl 147.5; I Jo 3.20.
4) Onipotência: È a perfeição de Deus pala qual Ele pode, pelo mero exercício da sua vontade , realizar tudo quanto Ele resolve levar a efeito. Sl 115.3; Jó 42.1; Is 46.10.
5) Onipresença: É a perfeição de Deus, pela qual, em todo o seu ser, Ele está em todo lugar igualmente. È uma indevida limitação de onipresença concebê-la como presença universal apenas de espaço. Deus está presente no mundo da mente. Jr 23.23,24; Sl 139.7-12; I Rs 8.27 .
B. Atributos morais ou relativos: São aqueles atributos que se relacionam com a criação racional, com seres morais, capazes de distinguir entre o “Bem e o Mal”. Gn 2.16,17.
1) A santidade de Deus: É a qualidade de Deus pela qual Ele determina e mantém eternamente a sua própria excelência moral, aborrece o pecado e exige pureza das suas criaturas morais. A sua santidade é intrínseca, não criada e indestrutível; não é limitada pela força de vontade. A santidade faz parte do caráter de Deus. Ex 3.5; Gn 15.11; Is 57.15; Sl 99.9; I Pe 1.15,16.
2) A justiça de Deus: É aquela perfeição pela qual Ele se mantém contra todas as violações da sua santidade, e se mostra Santo em todos os aspectos. Esse atributo é a manifestação da sua Santidade. A santidade diz respeito particularmente ao caráter de Deus em si mesmo, enquanto a justiça trata daquele caráter expresso no tratamento de Deus com os homens. A justiça de Deus leva-o a fazer sempre o bem. Ele é isento de paixão e de capricho, é vindicativo e não vingativo. Rm 2.5,6; Sl 116.5; Sl 145.17; Dt 32.4; Sl 7.11; Sl 119.137; Dn 9.14. A justiça de Deus manifesta-se em três aspectos.
a) Justiça de retidão: Esta é a retitude que Deus manifesta como soberano tanto dos maus como os bons. Em virtude dela Ele institui seu governo moral no mundo, prometendo recompensa para os obedientes e castigo para os desobedientes. A manifestação interna da justiça de Deus é a consciência. Is 33.22.
b) Justiça de remunerativa: Ela se manifesta na distribuição de recompensar tanto aos homens como aos anjos. Sl 58.11; Rm 2.7,8 ; Hb 6.10 ; II Tm 4.8; I Jo 1.9; Ne 9.7,8.
c) A justiça retribuitiva: Esta se relaciona com uma inflição de castigos, é a expressão da Ira de Deus. Sl 11.4-7; Ex 9.23-27; Rm 1.18; Rm 2.5,8,9; Rm 12.19; II Ts 1.7-9.
3) O amor de Deus: Por amor de Deus queremos dizer que Ele é movido eternamente no sentido de comunicar-se a si mesmo. É aquele atributo em virtude do qual Deus sempre procura dar-se a si mesmo e o seu benefício a alguém, ao mesmo tempo em que quer possuí-lo em legítima comunhão. I Jo 4.8.
4) A graça de Deus: Na linguagem bíblica, graça é favor imerecido para com aqueles que o perderam, e que, por natureza, estão sob o juízo de condenação. È a fonte de todas as bênçãos espirituais outorgadas aos pecadores índigos. Gn 2.16,17; Gn 3.21-24; Rm 3.9-19; Rm 6.23; Ef 1.4-7; Ef 2.7-9; Tt 2.11; Tt 3.4-7; 2 Co 8.9.
5) A misericórdia de Deus: Por este atributo, a bíblia salienta a bondade, a compaixão de Deus em relação aos homens obedientes como aos desobedientes entre os filhos dos homens. É o amor de Deus para com aqueles que estão em miséria independentemente dos seus méritos. É o atributo que O leva a procurar o bem estar temporal e espiritual dos pecadores. A misericórdia administra segundos os princípios de justiça de Deus e em vista dos méritos de Cristo. Lc 1.78 ;Rm 15.9; 2 Tt 3.5; Rm 9.16,18; Sl 103.8; Sl 86.15; Is 55.7.
6) A longanimidade de Deus: Quando o amor de Deus é considerado no que diz respeito à teimosia do pecador, é designado como longanimidade, contempla o pecador permanecendo em pecado, não obstante as repetidas advertências no sentido de eles o abandonarem, mostra a Deus adiando o juízo merecido. Rm 2.4; Rm 9.22; I Pe 3.20; II Pe 3.15.
7) A Soberania de Deus: A soberania de Deus, propriamente dita, não é um atributo. É antes uma prerrogativa oriunda de suas perfeições. Este, portanto, é o melhor lugar para tratar dela. Definiremos a soberania de Deus como acha-se na sua superioridade infinita e no fato de que Ele é possuidor absoluto de todas as coisas, como também em que todas as coisas dependem perpetua e absolutamente Dele. Por tanto, a soberania de Deus é universal e absoluta, isto é, não é dividida com outros, é imutável. Na sua soberania, Deus estabelece leis, tanto físicas como morais, pelas quais as suas criaturas são regidas, determina a natureza e poderes diversos dos seres criados assinam para cada indivíduo e nação a sua posição. Tudo isso Ele faz em harmonia com o seu caráter de Deus sábio e perfeito em sentido de, justo e amoroso. At 17.22-31; At 2.23; At 4.27,28; Jó 42.1; Rm 8.28; Sl 103.19; Sl 103.19; Sl 22.28; Mt 6.26; Jr 1.5; Lc 1.52; Lc 1.52; Sl 4.8; 1 Tm 6.17; Sl 73.24; Hb 12.2; Tt 1.2.
8) A veracidade de Deus: A veracidade de Deus ou verdade de Deus é a perfeição de Deus me virtude da qual Ele responde plenamente a idéia da divindade, é vê as coisas como realmente são. É devido a essa perfeição que Ele é a fonte de toda a verdade, não somente na esfera moral e da religião, más também em todos os campos da atividade científica. Ex 34.6; Nm 23.19; Dt 32.4; Sl 25.10; Sl 31.5; Jo 14.6.
9) A fidelidade de Deus: É o aspecto de Deus pelo qual Ele está sempre atento á sua aliança e cumpre todas as promessas que faz ao seu povo. Essa fidelidade de Deus é de máxima significação prática para o povo de Deus. É à base da sua confiança, o fundamento da sua esperança, e a causa do seu regozijo. Dt 7.9; Sl 89.33; Is 49.7; 1 Co 1.9; 2 Tm 2.13; Hb 6.17,18; Hb 10.23; 1 Rs 8.56.
10) A trindade de Deus: A palavra trindade não é um termo bíblico. Foi Teófilo , bispo de Antioquia da Síria, entre 168-183 A.D., quem primeiro usou a palavra grega “trias”. “Trinitas”, forma latina, foi usada primeiro por Tertuliano cerca de 220 A.D .
a) Conceito: Há três pessoas na divindade: O Pai , O Filho e o Espírito Santo; estas pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância e igual em poder e glória, ainda que distintas pelas suas propriedades pessoais. (Catecismo maio , p.9)
b) Divindade: Na divindade única coexistem três pessoas consubstanciadas, co-iguais e co-eternas. Esse mistério não se pode explicar nem definir porque está além do alcance do finito ; nem o livro inspirado faz qualquer tentativa de explicá-lo. (G.C. Morgan).
c) A fórmula Batismal: Lemos em Mt 28.19: “ Batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Essas palavras foram ditas por Nosso Senhor Jesus Cristo.
i. Todas as três são divinas: A divindade do Pai e do Espírito é aceita sem argumentos. Cristo também é divino. De outra maneira , o seu nome não teria direito de figurar nessa fórmula batismal e sua consistência seria quebrada.
ii. As três são pessoas: Poucos negam a personalidade do Pai e do Filho. Ouve-se, porém, que o Espírito não é uma pessoa, mas uma influência. Se o Espírito Santo não fosse uma pessoa, não teria direito a um lugar na fórmula batismal e sua consistência também seria quebrada.
§ Comentário: As pessoas da trindade não são indivíduos separados, independentes, como Carlos, Felipe e Tiago. As pessoas na deidade denotam uma distinção dentro da natureza divina. Elas são inseparáveis, unidas eternamente. Nenhuma das três é Deus sem as outras duas.
§ Observação: Temos, portanto, uma distinção tríplice da deidade, cada membro concebido como divino e pessoal. São três nomes Pai, Filho e Espírito Santo .
iii. A substância: A substância de uma pessoa da trindade é idêntica a das outras duas pessoas, não meramente semelhante, como se sucede com as pessoas humanas. A substância não é dividida em três; toda a substância está em cada pessoa. (esse é o grande mistério revelado na trindade de Deus). Jo 10.29,30; Jo 14.8-11
iv. Os atributos divinos: Uma das pessoas não pode existir sem as outras duas, como acontece com um ser humano.
| Eternidade | Onipotência | Onisciência | Onipresença | Santidade |
* O Pai | Sl 90.2 | I Pe 1:2 | Jr 17.10 | Jr 23.24 | Ap 15.4 |
* O Filho | Ap 22.13 | 2 Co 12.9 | Ap 2.13 | Mt 18.20 | At 3.4 |
* O Espírito Santo | Hb 9.14 | Rm 15.19 | 1 Co 2.11 | Sl 139.7 | O nome |
CONCLUSÃO
O texto que ora foi apresentado por si só oferece elementos conclusivos, estando apoiado com base na bíblia e no método teológico. Vale salientar que a intenção deste pequeno e modesto trabalho é incentivar a todos os que o lerem fazerem uma profunda reflexão sobre a exposição aos textos bíblicos mencionados, sendo assim a leitura de cada citação bíblica torna-se imprescindível , bem como aos argumentos citados a fim de tirarem suas próprias conclusões acerca deste assunto tão essencial em nossos dias e digno de estudo progressivo por parte de cada um de nós.
REFERÊNCIAS
- Oseas Pr. “ Doutrinas de Deus”, apostila, STPC, 2001.
- Oseas Pr. “ Introdução à Teologia Sistemática” ,apostila, STPC, 2001.
- W. Menzies, William e Horton, M. Stanley. “ Doutrinas Bíblicas”, 1ª Ed , Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
- Peters, George W. “Teologia Bíblica de Missões”, 2ª Ed., Rio de janeiro, CPAD, 2000.
- Berkhof, Loius. “ Teologia Sistemática”, 1ª Ed., 6ª triagem, São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 1990.
- Fé para hoje (revista evangélica), Editora Fiel, Vol nº 17, ano 2003, pg 10.
- C. de Paula, Lucilene. "Coletânia de textos,metodologia ciêntífica", p.77-80,Fametro, 2005.
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